quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Café à Maio de 68

O barulho dos ônibus, dos livros sendo folheados, do tilintar das colheres nas xícaras e a sonoridade de palavras recitadas com cheiro de café e chocolate. Este foi o cenário de mais uma atividade do projeto de extensão Maio de 68: e depois?, na tarde desta segunda, dia 25 de agosto, no Café da CESMA. O mundo lá fora não parou, mas as ideologias permaneceram na bolha da intelectualidade de 40 anos atrás na hora do chá: cinco da tarde.
Os acontecimentos de Maio de 68 tiveram início na França. Aqui em Santa Maria, a tradicional bebida inglesa foi substituída pelo Café Literário. Entre um gole e outro, o professor Vitor Biasoli, da UFSM, e as professoras Silvia Niederauer e Vera Prola Farias, da Unifra, recitaram poemas e trechos dos livros de Ferreira Gullar, Zuenir Ventura, Drummond, entre outros.

Para a professora Vera Prola, o mundo revê Maio de 68 como possibilidade de auto-entendimento: “O que valeu foi a discussão, em que surgiram informações importantes, que nem todos têm acesso. Como a gente falou, Maio de 68 foi pipocado, os eventos culturais foram muitos. É impossível alguém não carregar Maio de 68 dentro de si, ele mudou tudo”, explica.


Os alunos dos cursos de Letras da Unifra também contribuíram com a leitura de algumas obras da época. Ronan Simione, 25 anos compara o mundo atual com o maio francês: “Em 68 houve a revolta contra a ditadura da classe dominante. Hoje, isso está faltando no nosso mundo, e isso é a grande lição tanto dos operários, como dos estudantes, da força que o povo tem que está adormecida”, destaca Simione.

A professora Inara Rodrigues, uma das organizadoras do encontro, salienta o engajamento da literatura com a História e das heranças dos acontecimentos de 1968. “Trabalhar sobre o prisma da literatura significa refletir sobre a própria história, e não cerceando a literatura em termos de contexto. Maio de 68 deixa a questão de se criar novas formas de relação de poder, novas formas de pensar e de articular o mundo, de se inventar sempre. Estamos vivendo numa época de crise, de não sabermos pra onde ir”, alerta a professora.

O Café Literário levantou muitas questões da atualidade no cair da tarde de segunda-feira, que vão além das xícaras de café. Aguarde para ver onde a bolha da intelectualidade vai estourar nas próximas atividades do projeto.



Fotos: Bibiane Moreira (Laboratório de Fotografia e Memória)
Texto elaborado por Flavia Alli

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Literatura e Música

O projeto MAIO DE 68: e depois?, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão da UNIFRA, promove um Sarau Literário na noite desta terça, 24 de junho, no Zeppelin. A idéia é reunir Música e Literatura em um espaço fora dos muros da instituição. Os professores Bebeto Badke e Silvia Niederauer apresentam trechos selecionados de obras de autores brasileiros que vivenciaram aquele ano emblemático, como Zuenir Ventura e Fernando Gabeira. Já os irmãos Rosa, Déborah e Daniel, interpretam canções de Caetano, Gil e Chico, entre outros.

A abertura do projeto foi em 7 de maio com a palestra do cientista político italiano Giuseppe Cocco no Salão de Atos do Conjunto III da UNIFRA. Na ocasião, houve também uma intervenção cênica sobre o tema com os clowns da Saca-Rolhas Teatro & Cia. No mesmo mês, o Cineclube UNIFRA exibiu filmes sobre os ideais revolucionários que partiram da França para o mundo.

Maio de 68: e depois? prevê ainda outras atividades mensais até novembro. Entre elas, o Quartier Latin – um brechó-feira de objetos vintage, além de outras conferências e encontros literários.

MAIO DE 68 NO ZEPPELIN

Música e Literatura a partir das 22 horas

ZEPPELIN – Visconde esquina Venâncio - aberto a partir das 19h

Reservas: 3026.9608 / Couvert: R$ 5,00


Divulgação: NUCOM/ UNIFRA

Fone: 3025.9039/Manhã e 9979.6532(Bebeto)

nucom.unifra@hotmail.com e ca.badke@terra.com.br

terça-feira, 6 de maio de 2008

Curiosidades (1)

Os manifestantes de Maio de 68, utilizavam das cores negro, azul e vermelho, nas quais representavam respectivamente o anarquismo, o romantismo revolucionário e o marxismo.
Os cartazes com palavras de ordem eram muitas vezes produzidos manualmente pelos estudantes, e utilizavam da pichação nos muros de Paris, onde se expressavam. Nos panfletos distribuídos continham "instruções sobre o 'fazer Maio'. Ou, um quê fazer de Maio!", com expressões do tipo: "Sejam realistas, exijam o impossível", "Faça o amor não a guerra", "A imaginação no poder", "Abaixo o regime gaulista, antipopular de desemprego e miséria".

Acima, vídeo com reportagem, em francês, sobre os protestos com cenas das manifestações dos estudantes e confrontos com a polícia.



Texto elaborado por Flavia Alli

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O subjetivo

"Garantir o equilíbrio sexual do estudante", a partir de então o mundo nunca mais foi o mesmo. Essa frase, dita pelo estudante Marc Daniel Cohn-Bendit - conhecido como Dany-le-rouge, deu surgimento a uma série de acontecimentos na França, em 1968, em busca da liberdade moral sexual, da subjetividade, da liberdade de imprensa, do amor, do ócio e da felicidade. Maio de 68 criticava a política conservadora da época, a sociedade de consumo, o burocrático, o "chato", o sistemático, o individual. Influenciou diversos movimentos estudantis e de contracultura do Uruguai à Alemanha. No Brasil teve forte papel durante a ditadura militar, embora o A.I. 5 viesse a censurar de vez todo e qualquer tipo de manifestação de oposição.
Vale ressaltar que 1968 foi um período de transição da sociedade, pois o fim da II G.M. deu início à Guerra Fria, na qual o capitalismo e a globalização iam ganhando territórios pelo mundo. O mundo estava possuído pela indústria cultural, na qual o sujeito só seria cidadão se fosse consumidor. Diante desse cenário, esses estudantes se perguntavam onde ficariam as questões sociais que dizem respeito ao ser humano. Simultaneamente a esses fatos, o Movimento Hippie ganha força embasado no pensamento de "amor livre" e "mente aberta".
Maio de 68 deixou a nós heranças tanto imagética quanto ideológica. Deixo, então, uma questão a refletir no mundo contemporâneo: Se somos o futuro da nação, onde estaremos nós, que não lutamos pelo que acreditamos sentir?

Referências Bibliográficas:

SCHERER, Amanda Eloína (Org.).Utopias e distopias: 30 anos de maio de 68.Santa Maria: UFSM/Mestrado em Letras, 1999.



Texto elaborado por Flavia Alli